Outro dia fiz um post de #tbt no Instagram com uma foto minha correndo pelas montanhas de Panajachel (cidade da Guatemala onde eu morava) e contando que vivi muitas coisas por lá, inclusive romances. O número de mensagens que eu recebi pedindo mais detalhes dessa parte da história foi impressionante. Mas entendo, afinal quem não gosta de uma boa fofoca sobre corações partidos e amores perdidos, não é mesmo?!
Para esses fãs de histórias de amor, decidi contar como eu consegui encontrar (muito) romance no interior da Guatemala, morando numa vila de menos de 10 mil habitantes, cercada por um lago e vulcões e com pouquíssimos lugares para se divertir. Acreditem, é possível.
Pra quem ainda não leu minha história sobre a Guatemala, clica aqui e aqui, volta lá e dá uma lida rápida, pra entender o contexto dessa confusão todo. E pra quem decidir continuar aqui, prepare-se, tem muita história pela frente.
Então vamos lá. Eu fui pra Guatemala em maio de 2012, mais ou menos 4 meses depois de voltar da Austrália. Na Austrália o que não me faltou foi romance. Teve de tudo, paixões, corações partidos, sexo casual, muitos encontros, sair com mais de um cara ao mesmo tempo, pés na bunda, etc. Tudo que se pode viver em dois anos, em termos de romance, eu vivi. Mas era a Austrália… sol, praia, gente bonita, muita balada, viagens e aquilo tudo que facilita muitos encontros amorosos.
Fui pra Guatemala sem intenção nenhuma de conhecer homens. Na minha entrevista por Skype com a dona da ONG ela já deixou bem claro que Panajachel era um vilarejo minúsculo, que grande parte da população era Maia e que eles não se misturavam com os estrangeiros, e que os funcionários internacionais da ONG eram terminantemente proibidos de confraternizar com os funcionários guatemaltecos (por motivos que mais tarde eu entendi que faziam muito sentido). Basicamente eu ia estar lá, sozinha, vivendo a experiência de viver e trabalhar num lugar isolado e culturalmente muito diferente do que eu estava acostumada. E tava tudo bem.
A ONG em que eu trabalhei tinha três tipos de pessoas, os funcionários locais – na sua maioria indígenas (maias), as funcionárias estrangeiras – como era o meu caso e os voluntários estrangeiros – que ficavam pouco tempo, de uma semana a um mês. As funcionárias estrangeiras, como especificado no nome, eram todas mulheres e em sua maioria americanas, eu era a única brasileira e cheguei lá para substituir uma australiana mas, no geral, eram americanas.
Logo na minha primeira semana eu percebi que teria muito mais diversão do que imaginava. As meninas eram fantásticas, engraçadas, muito unidas e sempre arrumavam uma baladinha para ir, qualquer dia da semana. E é aí que começa a minha experiência amorosa por lá.
Logo que eu cheguei fui morar com uma das funcionárias, uma americana chamada Christine, cujos pais eram mexicanos e falava perfeitamente o espanhol. A Christine era maravilhosa, porém estava apaixonada pelo traficante local, que apesar de tudo, era um cara muito gente boa. Mas eu só fui descobrir que ele era traficante quando já estava há mais de três horas numa festa na casa dele. E a essas alturas eu já tinha cometido o terrível erro de ficar com um amigo dele, horrível, terrível, péssimo, cujo apelido era Pájaro, e não era traficante, mas era o drogadinho da cidade. Felizmente esse surto foi rápido, depois de descobrir tudo eu fui embora e nunca mais falei com o sujeito. Não encontrá-lo era fácil porque ele não frequentava os locais de entretenimento da cidade, onde drogas eram extremamente proibidas e as milícias não permitiam que nada fosse consumido nas ruas (sim, milícias, os encapuchados, mas deixo essa história para outro momento).
Mais ou menos um mês depois desse fatídico evento, a Christine voltou para os EUA e eu fiquei morando sozinha. Certo dia, as meninas me falaram que o filho de uma senhora candense que morava lá ia tocar num dos bares da cidade com a banda dele. Ele era mexicano, morava em San Cristobal de Las Casas, no México, e tocava violino, era meio hippie, cabelo combrido, barba e a coisa toda. Aparentemente ele era famosinho na região. Combinamos então um esquenta na casa de alguém, que virou balada não sei onde e quando chegamos pra ver o cara tocar, já tava todo mundo bem feliz. Não sei explicar como tudo aconteceu, mas o mexicano acabou na minha casa e foi então meu segundo “romance”. Ele ficou mais uma semana na cidade, saímos mais algumas vezes, sem muitas emoções, e ele foi embora pro México. Como ele era hippie mesmo, não tinha telefone, não sabia mexer em computador e não tinha como manter contato, então puf, acabou. Um dia depois de ele ir embora, eu descobri que as picadas na perna eram de pulgas, então imagino que ele deve ter tido uma surpresa não muito feliz na sua volta para casa.
Logo depois disso eu conheci um australiano e, de acordo com os meus registros, fiquei com o guia dele, que se chamava Javier. Mas pra falar a verdade eu nem lembro disso então nem tenho muito o que contar.
Em seguida eu comecei uma paquera com um americano que trabalhava em uma outra ONG local, um cara chamado Dave. Ele não era nada meu tipo, mas ali ninguém era, então eu prossegui. Foram muitas trocas de mensagens, vários encontros, mas pra resumir a história toda, ele um dia foi dormir na minha casa, rolou todo um sururu, mas na hora do vamos ver ele não completou o trabalho por crenças religiosas. E nesse momento encerrou-se mais esse capítulo.
Tudo isso aí aconteceu nos meus três primeiros meses lá na Guatemala. Pra quem não tinha expectativa nenhuma até que foi bem agitado. Entrando no quarto mês que eu estava lá eu comecei a sair com um voluntário que tinha chegado na ONG em que eu trabalhava.
Ele era um pouco mais novo, morava em Londres, o pai era suiço e a mãe guatemalteca. Tinha ido lá passar uns meses em Panajachel e acabou decidindo voluntariar, nem lembro direito o que ele fazia.
Passei uns dois meses meio que pagando de namoradinha desse rapaz. Eu não gostava dele assim como namorado, mas as opções eram escassas. Ele fumava muita maconha e tocava incessantemente duas músicas do Metallica no violão, e a nossa vida era comer, tomar cerveja, viajar aos fins de semana com a turma toda e passear de mãos dadas pelas ruazinhas da cidade. E nesse meio tempo, ele praticamente passou a morar na minha casa, o que me irritava bastante.
Até que um dia ele me disse que ia passar uma semana na capital, na casa da mãe dele fazendo não sei o que. Justamente nesta semana, uma banda nova começou a tocar no bar de rock da cidade, chamado Pana Rock Cafe (sim, o nome é genial) e eu fiquei interessada no vocalista da banda. O outro rapaz por sua vez, ia ficar só uma semana em Guatemala City, mas acabou ficando várias, não voltava nunca. E resumindo mais essa história, ele reencontrou uma amiga antiga e eles começaram a sair. De acordo com o que eu escrevi na época, eu fiquei bem feliz com a minha nova liberdade. O romance com o vocalista não rendeu frutos porque os amigos da banda dele se mudaram pra casa do lado da minha, ele tava sempre lá e eu percebi que ele era meio babaca.
Nisso tudo, fizemos uma festa de despedida para uma americana que estava indo embora da ONG. A festa foi na minha casa e o suiço, o Dave e o vocalista (que se chama Carlos) foram. Eu não sei que confusão mental deu em todo mundo, mas o Dave e o suiço decidiram que queriam sair comigo de novo. Eu não quis, pra frente e avante sempre…
Tudo isso aconteceu de Maio a Agosto. Em setembro eu recebi um “oi sumida” de um cara com quem eu tinha ficado, ou sei lá tinha meio que rolado um clima, na época do cursinho, uns 15 anos antes. Começamos a conversar e ele disse que queria vir pra Guatemala, mas combinamos de nos ver em novembro, quando eu iria para o Brasil para o casamento do meu irmão. Guardem essa informação para o futuro.
No começo de outubro eu tive um caso rápido com um motoqueiro americano que estava passando pela cidade. Esse foi mais por força da amizade mesmo. Ele e um amigo estavam percorrendo as américas de moto, uma amiga minha da ONG se encantou com o amigo dele e eu acabei acompanhando eles em tudo pra dar uma ajuda pra ela. No fim das contas foi legal, fizemos vários passeios de moto legais pela região, conversamos com gente nova e ainda ganhamos um jogo de trivia no bar de gringos que tinha na cidade. Eles estavam só de passagem e seguiram seu caminho, acho que nem trocamos email nem nada.
Durante o mês de outubro, antes de eu voltar para o Brasil por duas semanas, eu comecei a sair com um local. Um guatemalteco chamado Sammy. Muitas coisas aconteceram nesse mês, mas basicamente ele tinha uns 25 anos, morava com a mãe e tinha que pedir permissão dela para tudo. Eu não tive paciência e larguei mão. Teve choradeira, flores, bebedeira, escandâlo na porta de casa e o fuzuê todo, mas no final ficamos amigos.
As minhas duas semanas no Brasil foram bastante agitadas, bastante mesmo, mas não vou entrar em detalhes porque o foco aqui é a Guatemala. O importante é dizer que, durante essas duas semanas no Brasil eu saí com o rapaz do “oi sumida”.
Em dezembro um amigo meu chileno veio me visitar, o Alan. Ele tinha um casamento em Guatemala City e aproveitou para passar uns dias na minha casa. Eu tinha ficado com ele no Chile, principalmente porque ele me levou no show do Slash e foi muito legal. Aqui em casa ficamos também, mas foi só pra fazer graça mesmo, nada demais.
Em janeiro o “oi sumida” foi pra minha casa, sim, ele foi pra Guatemala mesmo. Acho que ficou umas três semanas. Foi bem legal, a gente se divertiu e meio que começou a namorar. Ele voltou pro Brasil em fevereiro e eu já ia voltar definitivamente em maio, então namoramos uns meses à distância e quando eu voltei continuamos por mais alguns meses. Essa história daria um novo post, enorme, por si só, então não vou contar aqui.
O mais engraçado é que Panajachel, onde eu morava, era minúscula, a cidade tinha basicamente uma rua principal chamada Calle Santander e depois um monte de bequinhos e ruas de terra, então todos esses caras com quem eu saí se encontravam e se viam diariamente e eu, claro, também via todos com muita frequência. Era uma situação esquisita, porém muito divertida.
Todas essas informações eu tirei de um blog secreto que eu mantinha na época, ao qual só as minhas amigas mais próximas tinham acesso. Eu escrevia coisas absurdas e contava detalhes que eu não tenho coragem de contar aqui. O mais interessante é que a cada três posts naquele blog, um era pra dizer como eu estava entediada e como nada acontecia por lá. Se a Dina daquele tempo conhecesse a Dina de hoje ela nunca teria dito isso, minha vida agora é bem mais devagar.
Com isso, espero ter sanado a curiosidade daqueles que me mandaram mensagem no Instagram e divertido aos que caíram nesse post sem grandes pretensões. Adoro escrever sobre romances passados, me faz dar uma risada lembrar das coisas a que eu me sujeitava e das situações em que eu me metia por uma paixão. Quem sabe eu não me animo e conto algumas outras histórias aqui…
PS. Tenho foto de todo mundo que eu citei no post, mas preferi não colocar porque muitos estão no meu Facebook e no meu Instagram e eu não sei se eles lêem esse blog, melhor não constranger ninguém.